quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O território sagrado da alma na obra de Aleilton Fonseca


Por: Carlos Ribeiro

É sob o signo da amizade que compareço a este espaço para apresentar, como se isto fosse necessário, o escritor Aleilton Fonseca, meu prezado companheiro de geração. Amigo de longo curso em águas que confluíram para um mesmo ponto, naqueles já remotos anos 70/80, tempo de manifestações contra a ditadura militar, já em seus estertores; de longas conversas sobre literatura e política na República dos Estudantes, onde ele morava, na Federação; de encontros na Literarte; de noitadas do Raso da Catarina ou de aventuras nas frias noites da Ilha dos Frades, próximo ao cemitério onde acampamos, em volta do fogo, com o nosso amigo poeta Geraldo Alves, comendo arroz integral e bebendo café de cevada, próximo ao povoado de Nossa Senhora do Guadalupe, diante do Mar Incógnito e de todos os sonhos ainda por realizar. Ali, comungávamos o mesmo amor pela vida, pela revolução, pela poesia. Sim, era um tempo primevo aquele, no qual, vejam os senhores, como se isto fosse possível, o meu dileto amigo ainda não possuía esse respeitável bigode, parecia um índio recém-saído das matas do sul baiano e tocava doces canções com sua clarineta, nas horas vagas de um tempo sem relógio.

Digo, pois, a palavra amizade com o que ela evoca de mais nobre: a fraternidade, o respeito, a admiração, o riso franco, mas também um repertório de vivências compartilhadas, que vem se somando, ao longo de 25 anos, e consolidando, com a maturidade, aquela consideração que hoje parece tão deslocada no mundo pós-moderno, mas que é ainda freqüente entre os homens e mulheres simples do interior. Homens e mulheres que [p.297] compõem um universo riquíssimo, aliás, tão bem retratado na ficção deste escritor, hoje prestigiado neste espaço.

Falar de Aleilton e da sua obra é evocar essa autenticidade. Uma qualidade, meus amigos, bastante rara nesta floresta de signos midiáticos, neste cipoal de simulacros, mas que ainda existe adormecida sob camadas de convenções do homem urbano. Deste homem, como disse o cronista Rubem Braga, “cujo calendário é o vencimento dos títulos, os invencíveis títulos, que se vencem ao sol e à chuva com a mesma triste pressa, a mesma cruel monotonia”. Este homem assoberbado por compromissos e medos, habitante de um mundo que parece estar cada dia mais fora dos seus eixos.

É a esta autenticidade que Aleilton nos reconduz, com firmeza, mas também com delicadeza, a ele mesmo, paradigma dos seus personagens: aquele que, numa relação de profunda honestidade com a vida, vivencia profundamente suas dores, suas perdas e seus encontros, em busca de uma transcendência que só é verdadeiramente compreendida no confronto com o sofrimento e com a morte. Não necessariamente a morte física, mas também a morte simbólica, elemento fundamental dos ritos de passagem. Há de se morrer para se tornar imortal.

Por isso, falar de Aleilton e da sua obra é, para mim, a mesma coisa; nele pode-se compreender, com exemplar nitidez, o sentido da obra como biografia do autor, conforme definição de Octavio Paz. Isto porque sua vida é o principal alimento da sua escrita. E vice-versa, pois, como ele mesmo, Aleilton, já declarou, escrever é “cumprir uma sentença de vida”. Quem leu seus livros certamente percebeu que todos os elementos do seu mundo ficcional resultam numa rede tecida habilmente, na qual tudo converge para um fim, mas que nunca se esgota. Fim que é marco de novos reinícios, de novas possibilidades de re-significação.

E não seria característica de toda obra literária de alto valor esta sensação de que tudo só começa, efetivamente, quando se chega ao fim? É no eco, que ressoa ao final de uma obra, que nos encontramos verdadeiramente. O melhor texto é aquele que nunca termina.

Mas, antes de me deter um pouco mais na vertente mais conhecida e festejada da produção intelectual de Aleilton Fonseca – sua ficção, através da [p.298] qual, inclusive, já ganhou importantes prêmios – deixem-me ressaltar que não se deve esquecer o poeta lírico de aguda sensibilidade, autor de três livros de poesia: Movimento de sondagem (Menção Honrosa no Prêmio Literário da Universidade Federal da Bahia, editado em 1981 pela Coleção dos Novos da Fundação Cultural do estado da Bahia), O espelho da consciência (Edição do Autor, 1984) e Teoria particular (mas nem tanto) do poema (Edições D´kasa, São Paulo, 1994). Relegada, hoje, a uma posição discreta na sua intensa atividade intelectual, nela se encontram, entretanto, algumas sementes que nos possibilitam compreender o universo íntimo do autor, a sua vital necessidade de dizer, já que “Calar é ceder à morte”.

Estão lá, no seu livro de estréia, Movimento de sondagem, vários elementos que configurariam, mais tarde, numa fase mais madura, o ficcionista. Por exemplo: a infância, como um dos elementos centrais do seu mundo poético e ficcional, aqui referido diretamente pela expressão lírica, sem o anteparo da construção ficcional. Como neste Poema da rua da infância:

Os dias passaram

Sobre a rua da infância

E revolveram sua terra

Até fazê-la estranha.

Nada mais lembra as barragens na enxurrada,

Nem os naufrágios das esquadras de papel.

No antigo campo dos bemequeres

Florescem agora os malmequeres,

Penetras na festa das pálidas rosas

De um jardim que não tive nem quero.

Que memória esta rua guarda da minha infância,

Senão meus rastros, sepultos sob calçadas novas

Que ocultaram as minhas estradas?

Ou ainda neste Memórias, um dos poemas do segundo livro

do autor, O espelho da consciência:

Os passarinhos

Que sobrevoaram a infância

Sobrevivem mortos.[p.299]

O ribeirão conduziu travessuras

E afogou-se no mar.

Os miúdos rastros

Permanecem na memória do vento

E são marcas de outros

Caminhos.

E a criança

Espia o mundo

lá dentro do adulto.

Não menor atenção merece sua ensaística, com destaque para o seu minucioso e rigoroso estudo Enredo romântico, música ao fundo: Manifestações lúdico-musicais no romance urbano do Romantismo, fruto da sua dissertação de Mestrado, publicado em 1996 pela Sette Letras, do Rio de Janeiro, e o ainda inédito A poesia da cidade: imagens urbanas em Mário de Andrade, tese de doutorado defendida em 1997, na USP. Sem falar, é claro, no rico conjunto de artigos, ensaios, estudos, resenhas e conferências publicados em jornais e revistas do Brasil e do exterior.

Mas, se foi na ficção que ele se revelou, no final dos anos 70, no Concurso Permanente de Contos do Jornal da Bahia, então organizado pelo escritor e jornalista Adinoel Motta Maia, é também nela que Aleilton conseguiu realizar, até o presente momento, o melhor da sua produção. Na abalizada opinião de Ricardo Vieira Lima, Aleilton é um autor que pertence à linhagem do realismo psicológico, iniciada no século 19 por Stendhal, e que adentrou o século 20 influenciando várias gerações de escritores, dentre os quais se incluem Katherine Mansfield, Virgínia Woolf, Graciliano Ramos, Lúcio Cardoso e Clarice Lispector, entre outros. O que lhe interessa é, portanto, conforme assinala Vieira Lima, “retratar a paisagem interior de seus personagens, e perscrutar seus dramas íntimos”.

Aleilton perscruta o íntimo de seus personagens, sim, mas não, como grande parte dos autores de sua geração, como quem mexe numa lata de lixo. Ele perscruta seus dramas como quem adentra um território sagrado, o território sagrado da alma, com uma profunda solidariedade. Talvez seja esta [p.300] solidariedade, e não o fato de situar suas histórias em “ambientes urbanos de cidades interioranas”, que lhe imprime a sensação de estar na contramão das tendências atuais da ficção urbana neonaturalista. O olhar de Aleilton é marcado por uma profunda generosidade: aquela que traz uma compreensão profunda das ossadas que jazem sob as aparências dos atos e comportamentos aparentemente normais. Não daquelas que resultam de grandes crimes e castigos, mas dos erros e desentendimentos que marcam as relações humanas cotidianas – sobretudo as familiares.

Ao contrário de Poe, Aleilton não caminha pelas áreas interditas, pelas zonas da exceção, mas por outras sendas, mais familiares, porém, muitas vezes, também perturbadoras. Não por acaso, a escavação é frequentemente referida nos seus textos: escavação da terra, dos escombros, das palavras. É através dela que seus personagens conhecem “a sala escura do lar”. Mas, ao reviver a ferida, segue-se a cura e não a condenação. Trazendo á luz os fantasmas das catacumbas, reencontra, pela linguagem, como pharmakon, remédio, o sentido através do qual é possível finalmente enterrar o passado.

A morte, a infância, os ritos de passagem, o doloroso processo da conscientização, a consolidação da identidade no confronto com a natureza que oferece resistência, a memória, o resgate impossível do vivido, a imprevisibilidade dos jogos amorosos, a amizade que vence o tempo e a morte, a dor da perda e da separação, a indefinição dos limites entre o vivido e o imaginado, ou o ficcionalizado (a “pura invenção de letras e frases”): estes são alguns dos elementos básicos do universo ficcional de Aleilton, os tijolos com os quais constrói ora um casebre, ora um palácio, ora um abrigo para o inverno de suas desesperanças.

São estas, portanto, as unidades básicas de contos belos e pungentes, como O avô e o rio, O sorriso da estrela, Jaú dos bois, O sabor das nuvens, O desterro dos mortos, O canto de alvorada, A última partida e Descanse em paz. Contos escritos com enganosa simplicidade, nos quais se flagra, aqui e ali, efeitos de estilo e intervenções do autor/narrador (ali, como disse Hélio Pólvora, onde o ficcionista dá as mãos ao crítico) e todo um jogo de metalinguagem que lhe imprime o sabor, nem sempre palatável para alguns gostos, da chamada pós-modernidade, aliada ao rigor clássico de suas construções de linguagem.[p.301]

Muitos dizem, não sem razão, que Aleilton é um autor que escreve dentro da tradição, que dialoga com os clássicos, mas não se deve deixar passar despercebida a dimensão sestrosa das artimanhas poéticas deste escritor que, num jogo de ilusionismo, certamente está bem à frente de muitos que, um tanto apressadamente, autodenominam-se “transgressores”. “Arquiteto de epifanias”, no dizer de André Seffrin, Aleilton retoma o fio da tradição oral e, em meio ao tiroteio de desconstruções e fragmentações, preserva, ainda bem, o sabor das histórias contadas antigamente à volta do fogo. E dálhes sobrevida.

Para finalizar, quero dizer que Aleilton Fonseca é, sem dúvida, uma figura de proa da minha geração – um intelectual que constroi, pedra por pedra, o seu próprio caminho, com absoluta integridade, e faz dele, com não menor generosidade, um caminho que é também o de todos nós. Disto posso dar testemunho, desde quando, jovens autores de 18 anos, fomos revelados no Concurso Permanente de Contos do Jornal da Bahia, em 1978; quando nos encontramos, pela primeira vez, em 1979, em torno do movimento que levou à criação do Clube da Ficção e à publicação do jornal Aqui Ficção; quando publicamos, em 1981, na Coleção dos Novos, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, criada e coordenada por Myriam Fraga; e quando, em 1998, lançamos a revista de arte, crítica e literatura Iararana, que chegará em breve ao 11° número, com prestígio consolidado e com ânimo renovado no seu propósito de divulgar autores brasileiros de diversas gerações.

Aos 46 anos, ficcionista, poeta, ensaísta, professor universitário respeitado nacionalmente e membro da Academia de Letras da Bahia, para a qual foi eleito, em 2004, com a quase unanimidade dos votos dos integrantes da Casa, Aleilton, segundo desconfio, está apenas aquecendo os motores da sua nave intergaláctica. Não para a obtenção de cargos e honrarias, meras contingências, mas para vôos mais altos na Arte que exerce com rigor, talento e seriedade.


Apresentação de Aleilton Fonseca, no projeto Com a palavra o escritor, promovido pela Fundação Casa de Jorge Amado. 2005.[p.302]


In: Ribeiro, Carlos Jesus. Á luz das narrativas : escritos sobre obras e autores. Salvador : EDUFBA, 2009.


Disponível em: http://www.repositorio.ufba.br/repositorio/bitstream/ufba/110/1/A%20luz%20das%20narrativas.pdf

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Helena Parente Cunha na ALB - 7 outubro 19h‏


A Academia de Letras da Bahia convida a todos para o lançamento do livro "As formas informes do desejo", organizado por Aleilton Fonseca, Edivaldo M. Boaventura e Evelina Hoisel, que reúne artigos, ensaios e depoimentos sobre a trajetória e a obra literária de HELENA PARENTE CUNHA


Na oportunidade a autora receberá o Prêmio da ALB pelo conjunto da obra.
Dia: Quinta-feira, 7 de outubro - às 19h - na Academia de Letras da Bahia.
Av. Joana Angélica 198 - Nazaré - Salvador (Ao lado da Escola de Eletromecânica)

sábado, 25 de setembro de 2010

O MAGO PORTUGUÊS E O GATO BRASILEIRO

Por: Aleilton Fonseca

Os descobrimentos portugueses, no século XVI, constituem não só fatos históricos, mas também se tornaram um rico tema literário. Neste particular, dois contos recentes chamam a atenção pela forma como reatualizam o imaginário dos descobrimentos lusitanos. O primeiro é O conto da ilha desconhecida, do português José Saramago, inicialmente publicado na revista Veja, de 24 de dezembro de 1997 e, posteriormente, em livro, pela Companhia das Letras, de São Paulo, em 1998. O segundo é A história do gato, do poeta baiano Antonio Brasileiro, publicado pelas Edições Cordel, de Feira de Santana, em 1997, e, mais tarde, na revista Iararana n. 3, de Salvador, em maio de 2000. Certamente um autor não conhecia o texto do outro, mas ambos têm em comum o tema e a motivação da data histórica, embora com enfoques diferentes em vários aspectos e, apesar disso, guardando aproximações interessantes. De permeio aos dois contos, devemos considerar, como texto conhecido de ambos os escritores, a Carta de Caminha ao Rei D. Manuel (1500), dando conta do achamento do Brasil.

O imaginário dos descobrimentos funde ideia, história e ficção e, como tal, é representado de ângulos diversos, a depender do ponto de vista e do locus cultural do narrador. Considerando a Carta de Caminha como referência comum com a qual dialogam os contos em questão, podem-se estabelecer relações entre estes si e com a carta histórica, discutindo suas aproximações e distanciamentos, como retomada crítica do referido imaginário.

José Saramago escreveu seu conto motivado pela Expo 98 de Lisboa e, na sua primeira divulgação no Brasil, na revista Veja, oferece-o aos brasileiros, como um convite para visitarem a Exposição: Diz ele: “Gostaria que esta minha Ilha Desconhecida fosse igualmente um convite para muitos leitores brasileiros: o de viajarem até à terra portuguesa, o de participarem no que será, sem dúvida, a Grande Festa dos Oceanos. A melhor representação do Brasil será a dos brasileiros. Venham”. (in: Veja)

A Carta de Caminha é uma referência tácita neste cruzamento de sentidos. Com sua retórica persuasiva, a missiva concentra seu relato em dois focos: sinaliza a existência das riquezas que interessariam ao comércio mercantilista e descreve os índios como seres dóceis e propícios à conversão. No corpo do relato, a profusão de imagens plásticas e descrições eloqüentes de um paraíso, manobras estilísticas que constituem as qualidades literárias do documento. O texto de Caminha reflete uma concepção preestabelecida, firmada na mentalidade expansionista portuguesa, que justapunha a visão prática, — ou seja, descobrir territórios, tomar posse deles e explorá-los, subjugando seus habitantes, — a uma visão idealizada das novas terras, desejadas como verdadeiros mananciais paradisíacos.

Em O conto da ilha desconhecida, José Saramago redimensiona esse imaginário, adensando o sonho e o desejo da viagem, e deslocando os seus aspectos práticos, através da recusa ao seu estatuto institucional. Para tanto, o escritor elege personagens do povo, um homem que queria um barco e a mulher da limpeza do palácio real, como depositários do verdadeiro ideal da viagem e descoberta. No desencontro entre a vontade popular e a postura da Coroa, mostra-se o descontentamento social e a burocracia emperrada das instâncias do poder, simbolizada pelas diversas portas do Palácio, por onde o Rei atendia pouco e recebia muitos obséquios e homenagens. O conto inicia-se: “Um homem foi bater à porta do rei e disse-lhe, Dá-me um barco.” O homem do povo, depois de enfrentar os entraves burocráticos, defronta-se com o próprio Rei, na presença de uma funcionária, a mulher da limpeza. Insiste que quer um barco para ir à procura de uma ilha desconhecida.

Que ilha desconhecida, perguntou o rei disfarçando o riso, como se tivesse na sua frente um louco varrido, dos que têm a mania das navegações, a quem não seria bom contrariar logo de entrada, A ilha desconhecida, repetiu o homem, Disparte, já não há ilhas desconhecidas, Quem foi que te disse, rei, que já não há ilhas desconhecidas, estão todas nos mapas, Nos mapas só estão as ilhas conhecidas (Saramago, p. 17-18).

Esse homem do povo é desafiante em várias instâncias: da burocracia, do poder real, do saber cartográfico e histórico estabelecidos. Sua atitude desautoriza a viagem como estratégia de estado, conquista e empresa comercial e a afirma enquanto aspiração essencial, sonho e desejo de conhecimento. A ilha a ser descoberta não pertencerá ao rei. De fato, vencido pela reiterada petição, o rei libera o barco e homem e a mulher da limpeza preparam a viagem, engajam marinheiros e partem em busca da ilha desconhecida, para, na verdade, empreenderem a busca de si mesmos, pela realização da viagem em si e pela mediação do envolvimento amoroso. Eis, pois, o sentido essencial da ilha procurada:

Depois, mal o sol acabou de nascer, o homem e a mulher foram pintar na proa do barco, de um lado e do outro, em letras brancas, o nome que ainda faltava dar à caravela. Pela hora do meio-dia, com a maré, A Ilha Desconhecida fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma. (idem,p. 61-62).

O sonho realiza-se no estar no barco, em viagem de autodescoberta, pelo sonho e pela imaginação. Sua necessidade – ou seja a necessidade do povo português – era descobrir-se a si mesmo, para redefinir sua identidade, o que não se resolveu com a política colonial expansionista. O conto de Saramago questiona o ideário dos descobrimentos de dentro de sua cultura, do lugar português. Desse modo, dessacraliza o imaginário prático, através do descentramento do sujeito navegador, um homem do povo em lugar do comandante nobre, numa viagem simbólica de interesse coletivo e não subordinada à Coroa. O percurso narrativo, carregado de afetividade pela valorização da cultura – a viagem em si – destila uma fina ironia no processo que, na acepção de Linda Hutcheon, seria um mecanismo distanciador, uma vez que “a reserva distanciadora pode também ser interpretada como um meio para uma nova perspectiva a partir da qual as coisas podem ser mostradas e, assim, vistas de maneira diferente. (Hutcheon: 2000, p. 79-80) Neste conto, fala a voz do intelectual português, numa reavaliação de sua cultura do passado, em busca de nuances interpretativas novas. Seu discurso abre brechas no registro histórico, para uma dimensão coletiva, simbólica, em torno de uma reflexão em torno da identidade, que perpassa o imaginário português desde Bandarra, Camões, Vieira, Fernando Pessoa e, agora, cabe aos escritores contemporâneos.

O conto de Antonio Brasileiro, A história do gato, tem uma imantação histórica bastante direta. Em estado de sonho, à beira-mar, o narrador empreende uma viagem no tempo e visualiza a chegada das caravelas de Cabral, reinterpretando-a através da consciência de um gato, personagem operatório por excelência. O gato, como personagem que o narrador visualiza e, por vezes, encarna, representa a reação crítica aos invasores. O gato do mato, elemento autóctone marcado pela esperteza e a insubmissão, funciona como voz crítica reinterpretante dos atos e discursos dos personagens registrados pela narrativa oficial, vista agora numa posição invertida, ou seja, a partir do lugar visitado/invadido. O conto assume esse tom desde o início:

Começou com o gato me olhando. Demorou um tempão — e eu ali, sei lá! Absorto?

Gato, empoleiro-me na cadeira de balanço e fico a ouvir um sonzinho diferente vindo do mar. Ah, são os navios de Pedro Álvares Cabral. Então não tem importância, já estiveram aqui antes. Simpáticas gentes, chegam cansadas.

Isto não é mesmo uma bosta, Pero? pergunta o comandante.

Quiçá, senhor Comandante.

Peguem este gato, deve ser selvagem.

Não é não, senhor Comandante. E ele quer-vos falar.

É impertinente, hem?

(Brasileiro, 1997, p. 58)

E mais adiante:

Deixe-me ver o tal navegante.

Um preguiçoso, decerto. Varou mares, aportou nessas terras e agora ronca como um leitão. Incapaz de discernir, bronco que é, a fantasia da realidade, pensa talvez que veio aqui para dar uma olhadinha apenas, pois deve seguir viagem. Capitão é pra isso mesmo. Claro que é pra isso mesmo, não houve nada de mais. Refiro-me é à sua opacidade ao ver em mim um gato e não um não-gato. Presentificar-me-ei tão logo acorde.(idem, p. 59).

A história do gato estabelece um jogo dialógico/paródico com o relato de Caminha, engastando nele a sua função dessacralizadora, sustentada pelo registro jocoso, brincalhão, que quebra solenidade retórica através da carga de ironia que lhe superpõe. Esse discurso oscila, de acordo com a tipologia de Hutcheon, entre a ironia lúdica (Hutcheon: 200, p. 78), de caráter afetuoso, benevolente, associada ao humor e à espirituosidade, em tom de paródia risível e trocadilho; e a ironia de oposição (idem, p. 83), que subverte o discurso oficial, transgredindo os seus sentidos, numa função “contradiscursiva” contestadora dos hábitos mentais e das expressões dominantes. Trata-se de uma fala extemporânea que se imiscui no discurso da história, por via literária, para revelar a contradição recalcada pela ausência de voz contestadora na data do fato. O colonizador outorgou-nos uma história, em sua versão. E como salienta Edward W. Said (Said: 1995, p. 13) “O poder de narrar, ou de impedir que se formem e surjam outras narrativas, é muito importante para a cultura e o imperialismo, e constitui uma das principais conexões entre ambos.” A história do gato insere-se na série discursiva que vem enfrentando essa herança. Assim, compulsa a história protagonizada pelo colonizador, inserindo-se por sobre sua escrita como uma variante suplementar dessacralizadora. Eis sua conclusão:

Nada deve ser posto de lado — berrou de repente Cabral. — Esta merda deve prosseguir como aquele maluco quer. Ele não quer uma nação? Pois terá a nação que quer. Escreva aí, Pero: a terra é toda maravilhosa, não tem cobras, não tem muriçocas, não tem onças pintadas… etc etc. Tudo aqui é muito ótimo. E apressemo-nos com a descoberta. Navegar é preciso. Tenho razão, Escatimburo?

(...)

Você está anotando isso aí? perguntei.

Aqui? Hum-hum. Concluo apenas o informe: Deste Porto Seguro, da vossa Ilha de Vera Cruz, hoje — que dia é hoje? sexta-feira? — sexta-feira, primeiro dia de maio…

Voltei-me para Tzu. Esse cara é um maluco mesmo, hem? — pensei em perguntar-lhe. Tzu olhava o mar distante, os navios sumindo. Rapidamente. O gato afiava de leve suas unhas em minhas canelas. Abaixei-me para acariciá-lo.

Você falava sozinho? perguntou-me.

Ahn?

Olhei em torno, Pero não estava mais. Nem Tzu. Nem os navios.

Gato!- exclamei. — Gato! Gato!

Na minha mão, apenas a areia fria da praia. Finíssima, escorria-me por entre os dedos. Alguns grãos brilhavam, momentaneamente, mais que o sol. (p.

A Carta de Caminha é parte do discurso colonial. Descreve, qual inventário, a gente, a terra e tudo que nela contém, num ato de apropriação do lugar e suas riquezas, destituindo seus primeiros habitantes e tornando-os objeto da expansão colonialista. Esse ideário é questionado em O conto da ilha desconhecida, uma vez que é no plano do sonho e do autoconhecimento que estaria a verdadeira viagem e conquista a empreender. A História do gato dialoga diretamente com a Carta através de um discurso que questiona a sua condição de verdadade absoluta, transformando-a em versão. O conto, já pelo título, se apresenta como história, num campo semântico ambíguo para o qual arrasta a Carta de Caminha, relativizando o seu estatuto histórico oficial. O gato, o poeta Tzu e o narrador representam a consciência do lugar invadido que se contrapõe ao discurso invasor.

Ambos os contos questionam a história, num diálogo tenso travado no terreno da ficção. Saramago propõe um novo olhar interpretante, que abre espaços para que a cultura portuguesa possa refletir sua imagem e, assim, possa redimensionar o seu lugar e sua identidade no conjunto de territórios que se aglutinam numa Europa unificada. Antonio Brasileiro propõe uma intertextualidade crítica, mediada pela ironia corrosiva sobre a Carta e pela dessacralização lúdica da versão oficial, como ponto de partida para uma reflexão sobre o país, em busca de uma autodefinição histórica.

Em José Saramago, com o navegante/ contestador, e em Antonio Brasileiro, com o narrador/crítico, esse discurso reinterpretante se traduz e se imanta na imagem de um sonho. Esse sonho é, talvez, o mesmo barco que navega no conto de Saramago, e que é avistado na praia, no conto de Antonio Brasileiro.

Referências:

CASTRO, Silvio. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L & PM, 1996.

SAID, Edward W. Cultura e imperialismo. Trad. Denise Bottmam: Companhia das Letras, 1995.

BRASILEIRO Antonio. A história do gato. Feira de Santana: Edições Cordel, 1997.

BRASILEIRO Antonio. A história do gato. Iararana 3. Salvador, n.3, mai. 2000.

HUTCHEON, Linda. Teoria e política da ironia. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2000.

SARAMAGO, José. O conto da ilha desconhecida. Veja. São Paulo, 24.dez.1997. SARAMAGO, José. O conto da ilha desconhecida. São Paulo, Companhia das Letras,1998.

________________________

Aleilton Fonseca é escritor, Doutor em Letras (USP), professor Pleno (Titular) da UEFS. Publicou vários livros, inclusive o romance O pêndulo de Euclides, pela Editora Bertrand Brasil, em 2009. Pertence à Academia de Letras da Bahia e ao PEN Clube do Brasil.

Disponível em: http://www.academiadeletrasdabahia.org.br/Artigos/Mago.html

domingo, 19 de setembro de 2010

V COLÓQUIO DE LITERATURA BAIANA

CURSO CASTRO ALVES 2010


V COLÓQUIO DE LITERATURA BAIANA

22 a 24 de setembro

das 14h30 às 19h30 - Carga horária: 20 h

Coordenador:

Aleilton Fonseca (UEFS/ALB)

Academia de Letras da Bahia


Presidente

Edivaldo M. Boaventura

Av.Joana Angélica, 198 - Nazaré

Salvador-BA - 40050000

Tel/fax: (71) 3321-4308

http://www.academiadeletrasdabahia.org.br

contato@academiadeletrasdabahia.org.br

Universidade Estadual de Feira de Santana


Reitor

José Carlos Barreto de Santana

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA E DIVERSIDADE CULTURAL

COORDENADOR

ALEILTON FONSECA

Prédio de Pós-Graduação em Educação, Letras e Artes

Módulo 2 - UEFS

Av. Transnordestina s/n – Novo Horizonte

44.036-900 - Feira de Santana - Bahia

Tel/Fax: (75) 3224-8287 - Fax

http://www.uefs.br/ppgldc

posldc@uefs.br

PROGRAMA GERAL

22/09 - Quarta-feira

14h30 - Sessões 1, 2, 3 e 4 - Comunicações de Literatura Baiana

17h00 - Palavra de Abertura:

Edivaldo M. Boaventura – Presidente da ALB

17h10 - Mesa redonda: Pontos de Literatura Baiana

Coordenação: Aleilton Fonseca (UEFS/ALB)

Sobre nortes e sinais: como se chega à Literatura Baiana?

Adeítalo Manoel Pinho (UEFS)

Letras (en)cena: Cleise Furtado Mendes no entrelugar da Literatura e do Teatro da Bahia

Eduardo Silva Dantas de Matos (UFBA)

Novíssima Literatura Baiana: as derivas do sujeito na escrita de Ângela Vilma, Sandro Ornellas e Marcus Vinicius Rodrigues

Lívia Maria Natália de Souza Santos (UFBA)

18h00 - Filme: Castro Alves: Retrato falado do poeta

Direção: Silvio Tendler

23/09 - Quinta-feira

14h30 - Sessões 5, 6, 7 e 8 - Comunicações de Literatura Baiana

17h00 - Conferência: A Bahia na modernidade da Literatura Brasileira

Valdomiro Santana (Fund. Pedro Calmon)

18h00 - Documentário: A Bahia de Euclides da Cunha

Direção: Carlos Pronzato

24/09 - Sexta-feira

14h30 - Sessões 9,10,11 e 12 - Comunicações de Literatura Baiana

17h00 - Conferência: As musas de Castro Alves

Antônio Carlos Secchin (UFRJ/ALB/Academia Brasileira de Letras)

18h00 - Recital: Castro Alves em seus Poemas de Amor

Aicha Marques e Sandro Rangel

Direção: Aicha Marques


SESSÕES DE COMUNICAÇÕES

Dia 22/09 - quarta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 1 – Aspectos da literatura baiana

Auditório Magalhães Neto

Coordenação: Ângela Vilma Santos Bispo (UFRB-CFP)

VOZES INTERCALADAS NO ATLÂNTICO: AFINIDADES E DISSONÂNCIAS EM JORGE AMADO E PEPETELA

Derneval Andrade Ferreira (UNEB)

NOTAS DA HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA “AO PRIMEIRO ACADÊMICO BAHIANO”, SEBASTIÃO DA ROCHA PITA

Manoel Barreto Júnior (FTC)

A LUVA E O MODERNISMO BAIANO

Monalisa Valente Ferreira (UFRB-CFP)

CASCALHO, DE HERBERTO SALES: A MEMÓRIA TELÚRICA

Ângela Vilma Santos Bispo (UFRB-CFP)

IMAGENS DO SERTÃO NO ROMANCE DE ALEILTON FONSECA

Joabson Lima Figueiredo (UNEB)

MARCELO E SEUS AMIGOS INVISÍVEIS: REFLEXÕES SOBRE O FENÔMENO BULLYING A PARTIR DA PROSA DE HELENA PARENTE CUNHA

Léa Costa Santana Dias (UNEB/Euclides da Cunha)

ATIRE A PRIMEIRA PEDRA: CONFLUÊNCIA DE ARTES

Solange S. Santana (PPGLitC/ UFBA)


Dia 22/09 - quarta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 2 – Literatura e crítica textual

Auditório Pedro Calmon

Coordenação: Rosa Borges dos Santos (UFBA)

A CRÍTICA TEXTUAL A SERVIÇO DA LITERATURA DRAMÁTICA BAIANA

Rosa Borges dos Santos (UFBA)

“DÊSDEMONA E OTELO”: A ANTROPONÍMIA POÉTICA DE ARTHUR DE SALLES

Rita de Cássia Ribeiro de Queiroz (UEFS)

LITERATURA E TEATRO NA IMPRENSA BAIANA

Carla Ceci Rocha Fagundes (IC-FAPESB/UFBA)

Williane Silva Corôa (UFBA/PPGLitC)

Rosa Borges dos Santos (UFBA)

ACERVO ESPAÇO XISTO BAHIA: VOZES E VESTÍGIOS DA LITERATURA E DA MEMÓRIA DRAMÁTICA BAIANA NA ÉPOCA DA CENSURA

Ludmila Antunes de Jesus (UFBA)

Liliam Carine (IC –PIBIC/UFBA)

LITERATURA DRAMÁTICA E CORDEL: O EXERCÍCIO DO FILÓLOGO-LINGUISTA EM A CHEGADA DE LAMPIÃO NO INFERNO

Fabiana Prudente Correia (Grad./UFBA)

Ludmila Antunes de Jesus (Pós-graduanda/ UFBA)

PROPOSTA DE EDIÇÃO CRÍTICA DO ROMANCE NHÔ GUIMARÃES, DE ALEILTON FONSECA

Adna Couto (PpgLDC /UEFS)

A DRAMATURGIA CENSURADA DE ARIOVALDO MATOS: O QUE REVELA O ESPÓLIO DO AUTOR?

Mabel Meira Mota (PPGLitC -UFBA)

Rosa Borges dos Santos (UFBA)


Dia 22/09 - quarta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 3 – Poesia e crítica

Sala de Reunião (Térreo)

Coordenação: Maria da Conceição Reis Teixeira (UNEB)

TRADIÇÕES POPULARES NA LITERATURA DE ARTHUR DE SALLES: O RAMO DA FIGUEIRA

Maria da Conceição Reis Teixeira (UNEB)

“CLEPSIDRA”: O GOTEJO DA MEMÓRIA PELOS VÃOS DO EXISTIR – INCURSÕES PELA LÍRICA E RECORDAÇÃO EM MYRIAM FRAGA

Ivo Falcão da Silva (IC- Instituto de Letras - UFBA)

ROBERVAL PEREYR: DIMENSIONAMENTO E CONFIGURAÇÃO DO LIRISMO MODERNO

Elton Magalhães (Grad./UFBA)

EVOCAÇÕES EX-CÊNTRICAS NA POESIA DE RAMON VANE

Daniela Galdino Nascimento (UNEB)

“EU QUERIA MORRER DENTRO DAS ÀRVORES”: A OBRA POÉTICA DE VALDELICE PINHEIRO SOB O SIGNO DA MODERNIDADE

José Rosa dos Santos Júnior (PpgLDC - UEFS)

José Miranda Oliveira Júnior (Grad./ UESC)

AS MUSAS DE CASTRO ALVES NA POESIA DE MYRIAM FRAGA

Ricardo Nonato Almeida de Abreu Silva (UNEB/Xique-Xique)

LUIZ GAMA E A CRÍTICA BRASILEIRA

Ana Maria Silva Carmo (Grad. /UFBA)

Dia 22/09 - quarta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 4 – Ficção, drama e teatro

Sala Edith Gama (Térreo)

Coordenação: Patricia C. Borges F. Fialho Cerqueira (UEFS)

DIAS GOMES E O TEATRO BAIANO, UMA RELAÇÃO INTERSEMIÓTICA

Patricia Conceição Borges Franca Fialho Cerqueira (UEFS)

CACOS, CONTATOS E CONFRONTOS: A RECONSTRUÇÃO LITERÁRIA EM LÁBARO ESTRELADO

Alexandre Carvalho Pitta (Grad./UFBA)

NIVALDA COSTA: A DRAMATURGA E SUA OBRA ATRAVÉS DE SEU ACERVO PARTICULAR

Débora de Souza (Pós-Grad./UFBA)

O TEATRO INFANTIL NO CONTEXTO DA DITADURA MILITAR NA BAHIA

Alan Nunes Machado Júnior (Grad./UFBA)

Adriele Lacerda Benevides (Grad./UFBA)

Rosa Borges dos Santos (UFBA)

AS ONDAS DO COTIDIANO E A POLÍTICA DA SUBJETIVIDADE EM “O DIA D DO FOTOGRAFO”, DE LUIZ EUDES ANDRADE

Cristiana da Cruz Alves (UNEB-Alagoinhas)

A REPRESENTAÇÃO DA MULHER PÓS-MODERNA EM A ENXADA E A MULHER QUE MUDOU O SEU PRÓPRIO DESTINO DE EUCLIDES NETO.

Joilton Cardozo Alves (grad./ UNEB–Ipiaú)

JACUBA, DE WILSON LINS: RESGATE PARA UMA LEITURA SÓCIO-CULTURAL

Maurício de Oliveira Santos (Grad./UEFS)

Dia 23/09 - quinta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 5 – Questões de Ficção e memória

Auditório Magalhães Neto

Coordenação: Ivana Teixeira Figueiredo Gund (UNEB)

OS MANUSCRITOS NO ARQUIVO FAMILIAR DOS CALMONS: TESTEMUNHOS DE VIDA, OBRA E PENSAMENTO CALMONIANOS

Eneida Santana (IFBA)

Zeny Duarte - Orientadora (UFBA)

A DOCE PRESENÇA DA MORTE EM O DESTERRO DOS MORTOS, DE ALEILTON FONSECA

Ivana Teixeira Figueiredo Gund (UNEB/Teixeira de Freitas)

ESCRITA E LEITURA IMAGÉTICA DA SUBJETIVIDADE EM AS DOZE CORES DO VERMELHO

Patrícia Souza Oliveira (UNEB)

EXÍLIO: UM TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM EM NARRATIVAS DE JUDITH GROSSMANN

Fernanda Mota (UFBA)

OS SERTÕES COMO PRODUTOR DISCURSIVO: UM OLHAR SOBRE O NARRADOR D’O PÊNDULO DE EUCLIDES, DE ALEILTON FONSECA

Léa Costa Santana Dias (UNEB/ Euclides da Cunha)

REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO PÓS-MODERNO EM LUNARIS, DE CARLOS RIBEIRO

Arolda Maria da Silva Figueiredo (UNEB/Teixeira de Freitas)

Dia 23/09 – quinta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 6 – Questões de Poesia

Auditório Pedro Calmon

Coordenação: Carlos Ribeiro (UFRB/ALB)

GREGÓRIO E KILKERRY NO DISCURSO DO NOVO

Jorge Augusto de Jesus Silva/ (Pós-graduando/UNEB)

RAPSÓDIA DO PRIMEIRO BEIJO: FOTOGRAFIAS AMOROSAS NA HERANÇA POÉTICA DE CARLOS CHIACCHIO

Fabricio dos Santos Brandão (UEFS/UNEB-Itaberaba)

MOVIMENTO POETAS NA PRAÇA: UMA POÉTICA DE RUPTURA E RESISTÊNCIA

Antonio de Pádua de Souza e Silva (UNEB/IFBA)

O GATO E OUTROS SÍMBOLOS NA POESIA DE LÚCIA SANTÓRI-CARNEIRO

Thiago Lins da Silva (PpgLDC/UEFS)

IDÍLIOS POÉTICOS: PEQUENOS ESBOÇOS ERÓTICOS EM HONORATO FILHO

Marcela Soares Rodrigues (Colégio Gênesis - F. Santana)

OFÍCIOS E FAZERES URBANOS NA POESIA DE MARIA DE CONCEIÇÃO PARANHOS

Ricardo Pacheco Reis (PpgLDC/UEFS)

PERCEPÇÕES DA LITERATURA POP NA POESIA DE WALY SALOMÃO

Anisio Assis Filho (PPGLitC-UFBA)

Dia 23/09 - quinta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 7 – Literatura e questões culturais

Sala de Reunião (Térreo)

Coordenação: Daiane da Fonseca Pereira (UNEB)

IDENTIDADE FEMININA NO CORDEL SULBAIANO: OS DESAFIOS DA MULHER TAL E QUAL NOS TEMPOS DA COLHER DE PAU

Andréia Batista Lins (PPG Linguagens e Representações /UESC)

MEMÓRIA E IDENTIDADE NA OBRA O MILAGRE DOS PÁSSAROS, DE JORGE AMADO

Giordanio Glaysson de Souza Santos (UNEB/Brumado)

JORGE AMADO E A INVENÇÃO DO NORDESTE

Daiane da Fonseca Pereira (Mest./UNEB)

UM GIRO EM TORNO DA PRODUÇÃO LITERÁRIA DE ALAGOINHAS-BAHIA

Maria José de Oliveira Santos (UNEB – Alagoinhas)

A UTOPIA DO CACAU: A TRAJETÓRIA DO MITO DO PARAÍSO NOS ROMANCES TERRAS DO SEM FIM E SÃO JORGE DOS ILHÉUS, DE JORGE AMADO

Elisângela Oliveira de Santana (UNEB)

CYRO DE MATTOS: UMA AFINADA CANÇÃO DA BAHIA

Antonio Fernando Góes Santos Junior (Grad./UNEB)

Jocelma Silva Neres (Grad./UNEB)

O PÊNDULO DE EUCLIDES: CONFLUÊNCIAS ENTRE A OBRA DO ESCRITOR BAIANO ALEILTON FONSECA E O DISCURSO DE EUCLIDES DA CUNHA ACERCA DE ANTÔNIO CONSELHEIRO EM OS SERTÕES

Débora Cunha Costa (Grad. UNEB/Euclides da Cunha)

Ariane de Andrade Freitas (Grad.UNEB/Euclides da Cunha)

Dia 23/09 – quinta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 8 – Literatura e questões culturais

Sala Edith Gama (Térreo)

Coordenação: Enelita de Sousa Freitas (UNEB)

A CONFIGURAÇÃO DE UM HERÓI ÀS AVESSAS EM SARGENTO GETÚLIO, DE JOÃO UBALDO RIBEIRO

Enelita de Sousa Freitas (UNEB- Teixeira de Freitas)

MEMÓRIA, LINGUAGEM E IDENTIDADE: RELEITURAS DO PASSADO EM O PÊNDULO DE EUCLIDES, DE ALEILTON FONSECA.

Alcineia Corrêa dos Santos (Grad./UNEB)

Regina Pereira do Carmo(Grad/UNEB)

REPRESENTAÇÕES DA CULTURA E RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA NA OBRA A LEI DO SANTO, DE MUNIZ SODRÉ

Valdineia dos Santos Santana (Grad./UFBA)

MEMÓRIAS DE VELHO: SEMIOSE TESTEMUNHAL DA CIDADE SOL EM PROSA POÉTICA E POPULAR

Antonio Brito de Souza Junior (IFE Baiano)

LUIZA PRINCESA: UMA REPRESENTAÇÃO DE LUIZA MAHIN NO ROMANCE HISTÓRICO DE PEDRO CALMON

Aline Najara Silva Gonçalves (UNEB-Alagoinhas)

O ARCHANJO EXU OU DAS ORIGENS MÍTICAS DE MESTRE PEDRO - UMA ANÁLISE EM TENDA DOS MILAGRES, DE JORGE AMADO

Antônio Carlos Monteiro Teixeira Sobrinho (UNEB)

POESIA E RESISTÊNCIA: O SUJEITO REFLEXIVO DA POESIA DE ROBERVAL PEREYR

Idmar Boaventura Moreira (UEFS)

Dia 24/09 - sexta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 9 – Estudos críticos de Literatura Baiana

Auditório Magalhães Neto

Coordenação: Flávia Amparo (UFF-RJ)

VAMOS FALAR DE TERESA: PRESENÇA DE TERESA NA OBRA DE AUTORES BAIANOS, DO BARROCO AO SÉCULO XX

Flávia Amparo (UFF-RJ)

MÚCIO TEIXEIRA: A FONTE IGNORADA DA BIOGRAFIA DE CASTRO ALVES

Paulo Roberto Alves Santos (UFSM-RS)

TERRAS DO SEM FIM: DESTINOS PARALELOS MOSTRAM A RELAÇÃO ENTRE ECONOMIA, POLITICA E COMPORTAMENTO HUMANO

Renata Cristina Pereira Maia (EMZR-MG)

TURISMO E LITERATURA: EM MEMÓRIA DE CASTRO ALVES

Maria da Conceição Pinheiro Araújo (IFBA)

LITERATURA E HISTÓRIA: UM ESTUDO DA TRILOGIA DO CORONELISMO DE WILSON LINS

André Luís Machado Galvão (UFRB)

TOTONHIM E AS “VIAGENS” DE (RE) CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA - UMA ANÁLISE DAS ESTRUTURAS NARRATIVAS DA OBRA O CACHORRO E O LOBO, DE ANTÔNIO TORRES

Ulisses Macêdo Júnior (PpgLDC/UEFS)

A TENSÃO ENTRE O MITO E A RAZÃO NAS NARRATIVAS DE GLAUBER ROCHA E GUIMARÃES ROSA

Marisa Áurea de Sá Falcão (PPGLitC /UFBA)

Dia 24/09 - sexta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 10 – Abordagens da Literatura Baiana

Auditório Pedro Calmon

Coordenação: Rosana Ribeiro Patricio (UEFS)

HISTÓRIA E MEMÓRIA NA NARRATIVA MEDAUARIANA

Juciene Silva de Sousa Nascimento (PpgLDC-UEFS)

O VOO DO CONDOR NO REINO LITERÁRIO D’A PEDRA DO REINO, DE ARIANO SUASSUNA

Gildeone dos Santos Oliveira (PpgLDC-UEFS)

DA JANELA EU VIA... A PERSPECTIVA DA NARRADORA EM NHÔ GUIMARÃES DE ALEILTON FONSECA

Carolina Silva Moraes Pereira (PpgLDC-UEFS)

A VALORIZAÇÃO DA CULTURA POPULAR NO ROMANCE NHÔ GUIMARÃES, DE ALEILTON FONSECA

Elizangela Maria dos Santos (PpgLDC-UEFS)

VENTO DE VERSOS NA POESIA NEGRA DE LANDÊ ONAWALE

Denilson Lima Santos (FACE)

EU ME LEMBRO QUE... A PRESENÇA DA MEMÓRIA NO ROMANCE O PÊNDULO DE EUCLIDES, DE ALEILTON FONSECA

Edilane Abreu Duarte (PpgLDC-UEFS)

A MULHER DOS SONHOS: NOTAS SOBRE OS CONTOS DE HUMOR DE ALEILTON FONSECA

Marcelo Brito da Silva (PpgLDC/UEFS)

Dia 24/09 - sexta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 11 – Literatura Baiana: identidades e representações

Sala de Reunião (Térreo)

Coordenação: Nildecy de Miranda Bastos

REPRESENTAÇÃO E IDENTIDADE NA OBRA O SANTO INQUÉRITO, DE DIAS GOMES

Rosana Ramos Chaves (Pós-Grad. PPGLR/ UESC)

O SANGUE DERRAMADO: VIOLÊNCIA, CRUELDADE E VINGANÇA EM CORPO VIVO DE ADONIAS FILHO

Wanessa Guimarães da Silva (PpgLDC/UEFS)

RUY ESPINHEIRA FILHO: LIRISMO, MEMÓRIA E MELANCOLIA.

Mayara Michele Santos de Novais (PpgLDC-UEFS)

A (RE)CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS EM O CÃO AZUL E OUTROS POEMAS, DE GLÁUCIA LEMOS.

Fabricia dos Santos (Grad./UFBA)

IDENTIDADE E CONSTRUÇÃO: IMAGENS NEGRAS NA POESIA SOSIGENESIANA.

Jafé da Silva Cardoso(Grad./UNEB – T. Freitas)

LITERATURA FEMININA NOS CADERNOS NEGROS: REFLEXÕES SOBRE POEMAS DE MEL ADÚN

Shagaly Damiana Araujo Ferreira (Grad. UFBA)

UM POETA DO ROMÂNTISMO EM FEIRA DE SANTANA: FRANCISCO DE SALES BARBOSA

Cintia Portugal de Almeida (Grad./UEFS)

Dia 24/09 - sexta-feira – 14h30

Sessão de comunicações 12 – literatura baiana e cidade

Sala Edith Gama (Térreo)

Coordenação: Benedito Veiga (UEFS)

CASTRO ALVES E JOSEF STALIN: PROXIMIDADES AMADIANAS

Benedito Veiga (UEFS)

A LÍRICA URBANA EM FERNANDO DA ROCHA PERES

Rafaela Giovana Lima Santana (PpgLDC/UEFS)

CAPITÃES DA AREIA, NO APRENDIZADO DA CIDADE.

Luiz Antonio de Carvalho Valverde (UNEB/Conceição do Coité)

OLHARES SOBRE A CIDADE DE SALVADOR ATRAVÉS DE CAPITÃES DA AREIA, DE JORGE AMADO

Taise Teles Santana de Macedo (Esp. em Estudos Literários/UEFS)

A REPRESENTAÇÃO DA CIDADE NA LITERATURA BAIANA: UM OLHAR SOBRE O CONTO “REPORTAGEM URBANA” DE ARAMIS RIBEIRO COSTA.

Lilian Daianne Bezerra Mota (PPGLitC UFBA)

A REPRESENTAÇÃO DA SALVADOR CONTEMPORÂNEA NOS CONTOS DE JEAN WYLLYS

Juan Müller Fernandez (Grad.UNEB/Salvador)

XAVIER MARQUES E O PAPEL HISTÓRICO DA BAHIA EM O SARGENTO PEDRO

Arlania Menezes (PpgLDC/UEFS)

PINTO DE AGUIAR E HÉLIO SIMÕES NA LÍRICA BRASILEIRA: PERDIDOS & ACHADOS

Cleberton dos Santos (CEGLVF - UEFS)