sábado, 6 de junho de 2009

O homem cria a poesia, a poesia recria o homem


ou a poética existencialista de Aleilton Fonseca


Por: Gustavo Felicíssimo

O homem cria a poesia, a poesia recria o homem. É dessa forma que podemos olhar para a poética existencialista de Aleilton Fonseca, um grapiúna de Firmino Alves que passou a infância e a adolescência entre Ilhéus e Uruçuca. Aleilton reside em Salvador desde 1996 e sempre fez do estudo ligado à literatura o seu pão de todo dia, pois para ele "a literatura é uma sentença de vida; uma forma eficaz de conhecer profundamente o ser humano".

Membro da Academia de Letras da Bahia e Doutor em Letras pela USP, Aleilton é professor do curso de Letras da UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), fundador e co-editor da revista de arte e cultura Iararana, se notabilizou como contista e nessa área publicou Jaú dos bois e outros contos (1997), O desterro dos mortos (2001), Canto de Alvorada (2003) e o formidável Nhô Guimarães (2006), um romance (de contista, segundo o próprio autor) concebido como uma homenagem ao escritor João Guimarães Rosa no cinqüentenário de Grande Sertão: Veredas. No entanto seus três primeiros livros foram todos de poesia: Movimento de sondagem (1981), O espelho da consciência (1984) e Teoria particular (mas nem tanto) do poema – ou poética feita em casa (1994).

Alguns poemas desses três primeiros livros formam, juntamente com outros poemas inéditos ou publicados de forma avulsa, o opúsculo As formas do barro e outros poemas (2006), uma seleta que comemora os seus 25 anos no fazer poesia e que nos dá uma boa idéia dos elementos que a compõe.

Há na poesia de Aleilton Fonseca uma tensão entre o clássico e o moderno, um querer embriagar-se que sabe dos perigos de tal atitude, por isso mantém um pé na tradição e outro na contemporaneidade, estabelece uma ordem entre o presente e o passado, dentro de uma forma modelar, reflexo da incerteza de um futuro frente ao presente fragilizado, explicitado no poema Sondagem: No exercício da palavra/ ressuscito de meus naufrágios/ e construo novos barcos.// Encho-os de sorriso/ que satisfazem aos desavisados.// E, pois, sol após sol,/ singro o mar que não sei/ e adio o suicídio/ que nunca cometerei.

Quando possuímos alguma qualidade literária podemos evocá-la por precisarmos reconhecer nossa capacidade, concisão, graça ou leveza. Podemos, assim, estar fortalecidos no momento de utilizá-la em benefício da nossa poesia sem que seja necessário buscar um exemplo de boa aplicação em outros autores, de modo contrário nos tornamos imitadores baratos dos nossos pares ou daqueles que nos precederam. Assim Aleilton ousa misturar em seu caldeirão algo da poesia concreta de Décio Pignatari com os preceitos modernistas dos escritores da Semana de Arte de 1922 no poema Consumatum est: Compre: beba, coma, vista/ pegue, passe, pague, gaste-se/ entre, coma, entre em coma/ vista bacana, beba bacana/ babe, beba, gaste a grana/ compre linha, linho, lã. (...) Cheque o seu cheque e mate-se:/ impreste-se, suco ou muco,/ ao consumo, à soma, avaro,/ consuma-se de vez em vão,/ corra, suma pelo ralo, morra,/ mas ainda compre: um caixão.

Ousadia pura que se alicerça no domínio da linguagem, do ritmo, da estética e na maturidade de um autor que conhece e reconhece as montanhas do seu tempo, as respeita, e as homenageia como no poema Canto de água preta, onde o poeta brinca com o nome de outro bardo grapiúna, Florisvaldo Mattos: (...) É um canto de verdes passagens/ com flores, vau do (rio e) matos,/ às sombras frias dos cacauais,/ com seu corpo de ventos e regatos/ e vozes de almas vivas e vendavais.(...)

Os poemas apresentados até aqui, bem como todos aqueles inseridos em As formas do barro e outros poemas, obviamente, possuem autonomia enquanto unidade rítmica e semântica, mas estão incluídos em um conjunto, um projeto que mostra a cosmovisão do autor interessado pela essência poética, revelando que um poema não é apenas um fenômeno de linguagem, mas também de idéias. Prova disso é o destaque que tem as críticas em relação ao comportamento da nossa sociedade e a metaposeia em sua obra. Sobre este último exemplo, vários poemas poderiam ser destacados, inclusive o que dá título ao livro, porém preferimos eleger outro, o poema Manifesto, que também poderia se chamar "Profissão de fé", título de um poema de Olavo Bilac que traz em si o mesmo tom confessional que este de Aleilton: Se contenho/ o impulso da minha palavra/ não sobrevivo à mudez:// Palavra é vida.// Se as armas capitulam/ às amarras do dia-a-dia,/ sangram ante ao fio do cutelo;// Mãos atadas; mãos decepadas.// Se as veias não veiculam/ a brasa do sentimento,/ sucumbem ao gelo da vida pedra.// Nada mais resta/ senão fazer-se vida.

Enfim, "estamos diante de um poeta consumado, alguém que, nos últimos 11 anos, a despeito de quase haver trabalhado contra a divulgação de seus próprios poemas, não conseguiu abandonar a poesia, ou ser abandonado por ela.", disse o jornalista, crítico literário e poeta Ricardo Vieira Lima, prefaciador do livro aqui apresentado.

Artigo publicado originalmente no Jornal Agora, de Itabuna, Caderno Banda B


fonte:http://sopadepoesia.zip.net/arch2008-03-30_2008-04-05.html

sexta-feira, 5 de junho de 2009

INTENSA HUMANIDADE

Este texto foi retirado do site de Carlos Ribeiro, jornalista e escritor.

Texto 1

CONTOS - Marcado por intenso lirismo, livro de Aleilton Fonseca traz narrativas densas, com ênfase nas memórias da infância.

Jornal A Tarde - 18/12/01

Carlos Ribeiro

A palavra exata associada a uma vivência profunda; a observação arguta e sutil da vida, expressa através de um olhar marcado por um profundo lirismo, que compõe, passo a passo, e com extremo cuidado, uma construção artística plena de significados. Isto é o que se pode dizer, logo de partida, dos 12 contos do escritor baiano Aleilton Fonseca, reunidos no livro Desterro dos Mortos (Relume Dumará, 121 páginas).

A obra inclui cinco histórias anteriormente publicadas em Jaú dos Bois e Outros Contos - um dos vencedores do Prêmio Cultural de Literatura 1996, da Fundação Cultural da Bahia: livro de apenas 52 páginas, mas que obteve considerável reconhecimento por parte da crítica, com referências entusiasmadas à elegância da linguagem simples, justa e densa de significados (Luís Antônio Cajazeira Ramos), à leveza e à criatividade dos textos “combinadas com a habilidade de quem sabe equilibrar as palavras” (Kátia Borges), à junção da “profusão de sentimentos vivos do seu universo ficcional num espaço definido e preciso: o espaço da escrita...” (Cid Seixas), à “simplicidade de alto nível, como se quer a simplicidade literária” (Gláucia Lemos), ao “domínio da técnica formal a serviço de uma sensibilidade aguçada” (Luís Ruffato) e à sutil análise psicológica que lhe dá um caráter universal (Dominique Stoenesco).

Nesse livro, Aleilton confirma sua posição entre os melhores escritores brasileiros de sua geração, fato perfeitamente constatável por quem se dispuser a ler contos como O Sorriso da Estrela - incluído na antologia 25 Contistas Baianos, organizada por Cyro de Mattos no ano passado -, O Avô e o Rio, O Pescador e O Sabor das Nuvens, entre outros. Peças primorosas que garantem, como assinala a professora Rita Aparecida Coêlho Santos, no posfácio, a permanência do narrador - o mesmo do qual se vaticinou a morte, mas que está mais do que nunca vivo e atuante.

Segundo Rita Aparecida, Aleilton Fonseca aproxima-se do narrador clássico, conforme caracterização que dele fez Walter Benjamim em famoso ensaio sobre Nicolai Leskov. “Em geral, seus contos são relatos de vivências poderosamente nossas e ao mesmo tempo universais, porque falam dos mistérios da vida e da morte, e é isso que eleva a nossa alma e nos faz pensar na necessidade de intercambiar experiências e ouvir conselhos”, diz ela.

As contradições - muitas vezes ilusórias - entre tradição e modernidade, regional e urbano ou local e universal desaparecem, aqui, na alquimia que une experiência e linguagem. Experiência profunda, linguagem depurada - eis a base sobre a qual se constrói o edifício ficcional do autor. Os tijolos são os velhos e inextingüíveis temas: a solidão, a loucura, o amadurecimento, a amizade, o ciclo de nascimento, amadurecimento e morte, o amor.

O menino que só compreende a irmã “doida” - que lhe ofertava uma estrela - depois da sua morte; o menino que acompanha a luta do avô com o rio, que avança mais e mais sobre suas terras; o homem que retorna, após muitos anos, à fábrica inexistente, agora apenas um terreno tomado pelo mato, na qual sempre fora proibido de entrar; a avó que, docemente, espera a volta do marido morto, após tantos anos... histórias tocadas pelo mais intenso lirismo e que, como num conto de Tchekov, livre de qualquer sentimentalismo fácil, nos restituem o direito de chorar e rir, esquecidos de que estamos diante de uma ficção.

Vale destacar o conto que abre o volume - Nhô Guimarães -, engenhosa narrativa que reconstitui a imagem do escritor Guimarães Rosa, através da fala (em estilo roseano) de uma mulher, que rememora as visitas do escritor a ela e ao seu marido, no sertão de Minas Gerais. História transformada, posteriormente, num romance, ainda inédito.

O livro de Aleilton Fonseca -poeta, ficcionista, ensaísta, professor universitário e editor da revista iararana - pode ser recomendado como uma excelente opção para presentear os amigos nessas festas natalinas. Presente inesquecível, com certeza.

fonte: http://www.carlosribeiroescritor.com.br/

Texto 2

O TERRITÓRIO SAGRADO DA ALMA NA OBRA DE ALEILTON FONSECA

É sob o signo da amizade que compareço a este espaço para apresentar, como se isto fosse necessário, o escritor Aleilton Fonseca, meu prezado companheiro de geração. Amigo de longo curso em águas que confluíram para um mesmo ponto, naqueles já remotos anos 70/80, tempo de manifestações contra a ditadura militar, já em seus estertores; de longas conversas sobre literatura e política na República dos Estudantes, onde ele morava, na Federação; de encontros na Literarte; de noitadas do Raso da Catarina ou de aventuras nas frias noites da Ilha dos Frades, próximo ao cemitério onde acampamos, em volta do fogo, com o nosso amigo poeta Geraldo Alves, comendo arroz integral e bebendo café de cevada, próximo ao povoado de Nossa Senhora do Guadalupe, diante do Mar Incógnito e de todos os sonhos ainda por realizar. Ali, comungávamos o mesmo amor pela vida, pela revolução, pela poesia. Sim, era um tempo primevo aquele, no qual, vejam os senhores, como se isto fosse possível, o meu dileto amigo ainda não possuía esse respeitável bigode, parecia um índio recém-saído das matas do sul baiano e tocava doces canções com sua clarineta, nas horas vagas de um tempo sem relógio.

Digo, pois, a palavra amizade com o que ela evoca de mais nobre: a fraternidade, o respeito, a admiração, o riso franco, mas também um repertório de vivências compartilhadas, que vem se somando, ao longo de 25 anos, e consolidando, com a maturidade, aquela consideração que hoje parece tão deslocada no mundo pós-moderno, mas que é ainda freqüente entre os homens e mulheres simples do interior. Homens e mulheres que compõem um universo riquíssimo, aliás, tão bem retratado na ficção deste escritor, hoje prestigiado neste espaço.

Falar de Aleilton e da sua obra é evocar essa autenticidade. Uma qualidade, meus amigos, bastante rara nesta floresta de signos midiáticos, neste cipoal de simulacros, mas que ainda existe adormecida sob camadas de convenções do homem urbano. Deste homem, como disse o cronista Rubem Braga, “cujo calendário é o vencimento dos títulos, os invencíveis títulos, que se vencem ao sol e à chuva com a mesma triste pressa, a mesma cruel monotonia”. Este homem assoberbado por compromissos e medos, habitante de um mundo que parece estar cada dia mais fora dos seus eixos.

É a esta autenticidade que Aleilton, amigo e escritor, nos reconduz, com firmeza, mas também com doçura, ele mesmo paradigma dos seus personagens: aquele que, numa relação de profunda honestidade com a vida, vivencia profundamente suas dores, suas perdas e seus encontros, em busca de uma transcendência que só é verdadeiramente compreendida no confronto com o sofrimento e com a morte. Não necessariamente a morte física, mas também a morte simbólica, elemento fundamental dos ritos de passagem. Há de se morrer para se tornar imortal.

Por isso, falar de Aleilton e da sua obra é, para mim, a mesma coisa; nele pode-se compreender, com exemplar nitidez, o sentido da obra como biografia do autor, conforme definição de Octavio Paz. Isto porque sua vida é o principal alimento da sua escrita. E vice-versa, pois, como ele mesmo, Aleilton, já declarou, escrever é “cumprir uma sentença de vida”. Quem leu seus livros certamente percebeu que todos os elementos do seu mundo ficcional resultam numa rede tecida habilmente, na qual tudo converge para um fim, mas que nunca se esgota. Fim que é marco de novos reinícios, de novas possibilidades de re-significação.

E não seria característica de toda obra literária de alto valor esta sensação de que tudo só começa, efetivamente, quando se chega ao fim? É no eco, que ressoa ao final de uma obra, que nos encontramos verdadeiramente. O melhor texto é aquele que nunca termina.

Mas, antes de me deter um pouco mais na vertente mais conhecida e festejada da produção intelectual de Aleilton Fonseca – sua ficção, através da qual, inclusive, já ganhou importantes prêmios – deixem-me ressaltar que não se deve esquecer o poeta lírico de aguda sensibilidade, autor de três livros de poesia: Movimento de sondagem (Menção Honrosa no Prêmio Literário da Universidade Federal da Bahia, editado em 1981 pela Coleção dos Novos da Fundação Cultural do estado da Bahia), O espelho da consciência (Edição do Autor, 1984) e Teoria particular (mas nem tanto) do poema (Edições D´kasa, São Paulo, 1994). Relegada, hoje, a uma posição discreta na sua intensa atividade intelectual, nela se encontram, entretanto, algumas sementes que nos possibilitam compreender o universo íntimo do autor, a sua vital necessidade de dizer, já que “Calar é ceder à morte”.

Estão lá, no seu livro de estréia, Movimento de sondagem, vários elementos que configurariam, mais tarde, numa fase mais madura, o ficcionista. Por exemplo: a infância, como um dos elementos centrais do seu mundo poético e ficcional, aqui referido diretamente pela expressão lírica, sem o anteparo do construção ficcional. Como neste “Poema da rua da infância”:

Os dias passaram
Sobre a rua da infância
E revolveram sua terra
Até fazê-la estranha.
Nada mais lembra as barragens na enxurrada,
Nem os naufrágios das esquadras de papel.

No antigo campo dos bemequeres
Florescem agora os malmequeres,
Penetras na festa das pálidas rosas
De um jardim que não tive nem quero.

Que memória esta rua guarda da minha infância,
Senão meus rastros, sepultos sob calçadas novas
Que ocultaram as minhas estradas?

Ou ainda neste “Memórias”, um dos poemas do segundo livro do autor, O espelho da consciência:
Os passarinhos
Que sobrevoaram a infância
Sobrevivem mortos.

O ribeirão conduziu travessuras
E afogou-se no mar.

Os miúdos rastros
Permanecem na memória do vento
E são marcas de outros
Caminhos.

E a criança
Espia o mundo
lá dentro do adulto.

Não menor atenção merece sua ensaística, com destaque para o seu minucioso e rigoroso estudo Enredo romântico, música ao fundo: Manifestações lúdico-musicais no romance urbano do Romantismo, fruto da sua dissertação de Mestrado, publicado em 1996 pela Sette Letras, do Rio de Janeiro, e o ainda inédito A poesia da cidade: imagens urbanas em Mário de Andrade, tese de doutorado defendida em 1997, na USP. Sem falar, é claro, no rico conjunto de artigos, ensaios, estudos, resenhas e conferências publicados em jornais e revistas do Brasil e do exterior.

Mas, se foi na ficção que ele se revelou, no final dos anos 70, no Concurso Permanente de Contos do Jornal da Bahia, então organizado pelo escritor e jornalista Adinoel Motta Maia, é também nela que Aleilton conseguiu realizar, até o presente momento, o melhor da sua produção. Na abalizada opinião de Ricardo Vieira Lima, Aleilton é um autor que pertence à linhagem do realismo psicológico, iniciada no século 19 por Stendhal, e que adentrou o século 20 influenciando várias gerações de escritores, dentre os quais se incluem Katherine Mansfield, Virgínia Woolf, Graciliano Ramos, Lúcio Cardoso e Clarice Lispector, entre outros. O que lhe interessa é, portanto, conforme assinala Vieira Lima, “retratar a paisagem interior de seus personagens, e perscrutar seus dramas íntimos”.

Aleilton perscruta o íntimo de seus personagens, sim, mas não, como grande parte dos autores de sua geração, como quem mexe numa lata de lixo. Ele perscruta seus dramas como quem adentra um território sagrado, o território sagrado da alma, com uma profunda solidariedade. Talvez seja esta solidariedade, e não o fato de situar suas histórias em “ambientes urbanos de cidades interioranas”, que lhe imprime a sensação de estar na contramão das tendências atuais da ficção urbana neonaturalista. O olhar de Aleilton é marcado por uma profunda generosidade: aquela que traz uma compreensão profunda das ossadas que jazem sob as aparências dos atos e comportamentos aparentemente normais. Não daquelas que resultam de grandes crimes e castigos, mas dos erros e desentendimentos que marcam as relações humanas cotidianas – sobretudo as familiares.

Ao contrário de Poe, Aleilton não caminha pelas áreas interditas, pelas zonas da exceção, mas por outras sendas, mais familiares, porém, muitas vezes, também perturbadoras. Não por acaso, a escavação é freqüentemente referida nos seus textos: escavação da terra, dos escombros, das palavras. É através dela que seus personagens conhecem “a sala escura do lar”. Mas, ao reviver a ferida, segue-se a cura e não a condenação. Trazendo á luz os fantasmas das catacumbas, reencontra, pela linguagem, como pharmakon, remédio, o sentido através do qual é possível finalmente enterrar o passado.

A morte, a infância, os ritos de passagem, o doloroso processo da conscientização, a consolidação da identidade no confronto com a natureza que oferece resistência, a memória, o resgate impossível do vivido, a imprevisibilidade dos jogos amorosos, a amizade que vence o tempo e a morte, a dor da perda e da separação, a indefinição dos limites entre o vivido e o imaginado, ou o ficcionalizado (a “pura invenção de letras e frases”): estes são alguns dos elementos básicos do universo ficcional de Aleilton, os tijolos com os quais constrói, ora um casebre, ora um palácio, ora um abrigo para o inverno de suas desesperanças.

São estas, portanto, as unidades básicas de contos belos e pungentes, como “O avô e o rio”, “O sorriso da estrela”, “Jaú dos bois”, “O sabor das nuvens”, “O desterro dos mortos”, “O canto de Alvorada”, “A última partida” e “Descanse em paz”. Contos escritos com enganosa simplicidade, nos quais se flagra, aqui e ali, efeitos de estilo e intervenções do autor/narrador (ali, como disse Hélio Pólvora, onde o ficcionista dá as mãos ao crítico) e todo um jogo de metalinguagem que lhe imprime o sabor, nem sempre palatável para alguns gostos, da chamada pós-modernidade, aliada ao rigor clássico de suas construções de linguagem.

Muitos dizem, não sem razão, que Aleilton é um autor que escreve dentro da tradição, que dialoga com os clássicos, mas não se deve deixar passar despercebida a dimensão sestrosa das artimanhas poéticas deste escritor que, num jogo de ilusionismo, certamente está bem à frente de muitos que, um tanto apressadamente, autodenominam-se “transgressores”. “Arquiteto de epifanias”, no dizer de André Seffrin, Aleilton retoma o fio da tradição oral e, em meio ao tiroteio de desconstruções e fragmentações, preserva, ainda bem, o sabor das histórias contadas antigamente à volta do fogo. E dá-lhes sobrevida.

Para finalizar, quero dizer que Aleilton Fonseca é, sem dúvida, uma figura de proa da minha geração – um intelectual que constrói, pedra por pedra, o seu próprio caminho, com absoluta integridade, e faz dele, com não menor generosidade, um caminho que é também o de todos nós. Disto posso dar testemunho, desde quando, jovens autores de 18 anos, fomos revelados no Concurso Permanente de Contos do Jornal da Bahia, em 1978; quando nos encontramos, pela primeira vez, em 1979, em torno do movimento que levou à criação do Clube da Ficção e à publicação do jornal Aqui Ficção; quando publicamos, em 1981, na Coleção dos Novos, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, criada e coordenada por Myriam Fraga; e quando, em 1998, lançamos a revista de arte, crítica e literatura Iararana, que chegará em breve ao 11° número, com prestígio consolidado e com ânimo renovado no seu propósito de divulgar autores brasileiros de diversas gerações.

Aos 46 anos, ficcionista, poeta, ensaísta, professor universitário respeitado nacionalmente e membro da Academia de Letras da Bahia, para a qual foi eleito, em 2004, com a quase unanimidade dos votos dos integrantes da Casa, Aleilton, segundo desconfio, está apenas aquecendo os motores da sua nave intergaláctica. Não para a obtenção de cargos e honrarias, meras contingências, mas para vôos mais altos na Arte que exerce com rigor, talento e seriedade.

Apresentação de Aleilton Fonseca, no projeto Com a palavra o escritor, promovido pela Fundação Casa de Jorge Amado. 2005.

fonte: http://www.carlosribeiroescritor.com.br/

quinta-feira, 4 de junho de 2009

ENTREVISTA COM ALEILTON FONSECA

Encontrei essa entrevista no blog SOPA DE POESIA

e gostaria de compartilhar...

Autor: Gustavo Felicíssimo

Gustavo Felicíssimo – Para você, Aleilton, quais podem ser as chaves de acesso à poesia?

Aleilton Fonseca – O acesso à poesia se dá por dois fatores iniciais. Primeiro, por indução e incentivo à leitura, através de recomendações de um leitor mais experiente, sejam pais, parentes, amigos, professores. Depois, esse acesso se dá através da sensibilidade pessoal, quando a própria pessoa, uma vez iniciada na leitura de poemas, vai fazendo suas descobertas e ampliando paulatinamente a sua experiência de leitura e de compreensão de obras e autores, tornando-se um leitor cada vez melhor. Nem todas as pessoas se identificam com a natureza do texto lírico, embora algumas vezes na vida possam experimentar momentos de percepção e fruição poéticas. Gostar de ler é uma tendência que precisa ser estimulada. Gostar de ler poesia é uma vocação rara, quase um dom; um sopro de uma sensibilidade especial. O acesso à poesia é misterioso; exige uma conjugação de sensibilidade, inteligência e capacidade de percepção para além do lógico, prosaico e cotidiano.

GF – Em um ensaio muito bonito e útil, você reflete sobre a situação do poeta na sociedade contemporânea, onde afirma que "o poeta moderno vive uma situação de deslocamento". Estamos, definitivamente, condenados a estar fora de contexto?

AF – Na antiguidade clássica, Platão expulsou o poeta da República, por uma questão filosófica. Como produtor de um discurso metafórico e imagístico, ele é "deslocado" da pólis, lugar de convívio dos homens práticos, senhores do discurso da ordem e dos saberes racionais. Na modernidade capitalista ocidental, o poeta foi expulso da metrópole por uma questão econômica. Como produtor de um discurso que se recusa a ser mercadoria, ele é "deslocado" do oikos¸ lugar de convívio dos homens práticos, donos do discurso da ordem e da produtividade de bens de consumo de massa. No entanto, em sua condição de deslocado, ou seja, fora de lugar, o poeta pode observar o mundo, com distanciamento e amplitude de visão, transformando sua experiência e vivências em discurso, numa linguagem de enunciação crítica da pólis moderna e contemporânea. Sua condenação é, semelhante àquela de Sísifo, rolar a pedra da poesia até o ponto mais alto possível da consciência humana. E recomeçar sempre a mesma jornada, repetindo os discursos da poesia moderna na contra-mão da própria modernidade.

GF – A poesia é a legítima defesa do poeta?

AF – A poesia é a legítima defesa e a condenação do poeta. Se perder a voz poética, ele pode entrar em sofrimento existencial. Anula-se, tornando-se um ser comum, em meio à multidão sem rosto. Por outro lado, o exercício da poesia o torna um ser marcado, para quem os homens práticos olham com desconfiança e disfarçada comiseração.

GF – Que relações você percebe estabelecer entre a sua obra em prosa e a sua poesia?

AF – A princípio, prosa e poesia são diferentes modos de produzir linguagem literária; mas já não se repelem entre si; ao contrário, muitas vezes se juntam, amalgamam-se, na poesia prosaica, na prosa poética, na narrativa lírica, no poema narrativo. Na modernidade, definitivamente a prosa e a poesia fizeram as pazes; uma convoca a outra para andarem juntas nos textos. Tanto na poesia como na prosa, eu penso que sou um autor que parte de leituras da tradição moderna para dizer algo novo numa linguagem ao mesmo tempo trabalhada e acessível, simples e comunicativa. Quero ser simples, sem ser simplório. Meu objetivo não é complicar; mas sim encantar e impressionar o leitor. Mesmo que isso o incomode um pouco. Literatura é um diálogo cifrado à distância, no tempo e no espaço. O escritor escreve o que pensa e sente estar escrevendo; o leitor lê o que pensa e sente estar lendo. Cada qual forja seu texto, sua leitura, sua compreensão pessoal e intransferível do texto e da vida. O que lemos e sentimos, hoje, no texto de Dante, será o mesmo que ele pensou e sentiu ao escrever? Não, definitivamente não. Literatura é este mistério simples e insondável.

GF – Machado de Assis foi um bom poeta, porém seus contos e romances são extraordinários, o que fez os seus poemas serem relegados a um segundo, e até terceiro plano pela crítica e também pelos seus leitores. Dada a aceitação da sua obra em prosa por parte da crítica, leitores e mercado, você crê que isso também pode acontecer com os seus poemas?

AF – Em primeiro lugar, é impossível comparar um nome altamente consagrado, como Machado de Assis, com um simples autor contemporâneo. Mas, na verdade, tudo tem sua contrapartida lógica e necessária. Talvez até por causa desse relativo esquecimento, acaba de sair uma esmerada edição das poesias completas de Machado de Assis, por uma grande editora. Assim, os leitores são convidados e provocados a ler sua poesia. Ora, as circunstâncias também fazem o escritor. A ficção, sobretudo o romance, tem muito mais atenção das editoras, dos críticos e do mercado. Se o poeta escreve um romance, ou mesmo um livro de contos, tem mais chance de editar, crescer, ganhar algum dinheiro de direitos autorais. Se ele diz ao editor que tem um livro de poemas, recebe uma resposta lacônica e evasiva. Se anuncia um livro de contos, recebe a vaga promessa de que a obra será avaliada. Mas, se disser que está concluindo um romance, o editor logo se anima: "Ao terminar, mande-nos imediatamente". O que significa isso? Poesia não vende ou não querem vender poesia? Ficarei como poeta? Ficarei como ficcionista? Aliás, ficarei? Não sei. No fundo isso não me preocupa muito. Sou, sobretudo, um escritor: escrevo crônicas, contos, romance, ensaios e poesia. A crítica e os leitores que façam bom proveito, como acharem melhor. Fico satisfeito e agradecido que me leiam, que me notem, que avaliem o meu trabalho, quer seja poesia, ensaio ou ficção. O tempo é o verdadeiro e implacável juiz.

Fonte: http://sopadepoesia.zip.net/arch2008-03-30_2008-04-05.html

Aleilton Fonseca


Aleilton Fonseca

na Librairie Orfeu, em Bruxelas, Bélgica

Outubro de 2008


Bio-bibliografia



ALEILTON FONSECA

ALEILTON (Santana da) FONSECA nasceu em Itamirim, hoje Firmino Alves - Bahia, em 21/07/1959. É casado e tem 2 filhos. É poeta, ficcionista, ensaísta e professor universitário. Em 1963, sua família se fixou em Ilhéus-Bahia, onde o autor viveu a infância e a adolescência, cursou até o primeiro ano do segundo grau, escreveu e publicou seus primeiros textos em jornais.

Aleilton começa a escrever ainda no segundo grau, motivados pelas lições e leituras de poemas, crônicas e romances. Em 1977, ingressou na EMARC, escola de Uruçuca - Bahia, onde se formou em Técnico Agrimensor, mas nunca foi buscar o diploma. Nesse ano começa a publicar contos e poemas no Jornal da Bahia, de Salvador, tendo vencido 3 vezes o seu Concurso Permanente de Contos. Publica também no suplemento A Tarde/Novela, de A Tarde. Em Ilhéus passa a assinar a coluna "Entre Aspas", no Jornal da Manhã. Em dezembro de 1977, aos 18 anos, sai sua primeira entrevista, no Jornal da Bahia, quando é apresentado por Adinoel Mota Maia, como um novo escritor que surgia no sul da Bahia. Ainda neste ano, vence um prêmio de contos da Editora Grafipar, do Paraná, além de outros locais. Em 1979, ingressa no curso de Letras da UFBA, e se transfere para Salvador, que adota como seu ambiente de formação cultural. Organiza seu primeiro livro de poemas, que recebe Menção Honrosa no concurso Prêmios Literários Universidade Federal da Bahia – 1980 e é, logo depois, selecionado para abrir a série de poesia da Coleção dos Novos, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, que publicou 14 novos autores baianos no início da década de 80 e fixou o perfil da Geração 80 no estado.

Em 1981 publica o seu primeiro livro, Movimento de Sondagem (Salvador: Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1981) que recebeu, entre outros, a atenção de Carlos Drummond de Andrade, que lhe escreveu uma carta de incentivo e de Rubem Braga, que publicou dois de seus poemas na coluna “A Poesia é Necessária”, na Revista Nacional, semanário que circulava encartado nos principais jornais das capitais.

Começa a lecionar Português no ensino fundamental, criando uma oficina literária, cuja produção discente era publicada em murais, em coletânea e nos suplementos infanto-juvenis de jornais, como o JOBA, do extinto Jornal da Bahia. Conclui o curso de Letras e passa a lecionar Literatura e Língua portuguesa. Em 1984 ingressa, como professor, no curso de Letras da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, transferindo-se para a cidade de Vitória da Conquista. Publica o livro de poemas, O espelho da consciência. Em 1988, especializa-se em Literatura brasileira, ao ingressar no Mestrado em Letras, na Universidade Federal da Paraíba. Fixa-se com a família em João Pessoa. Em 1990 retorna às atividades na UESB, trabalhando no curso de Letras, divulgando literatura, incentivando a formação de leitores de poesia através de cursos preparatórios para professores. Em 1992 defende tese de mestrado, sobre música e literatura romântica, que será publicada em livro em 1996, pela editora 7Letras, com o título: Enredo Romântico, música ao fundo: manifestações lúdico-musicais no romance urbano do romantismo. Passa a publicar ensaios e resenhas em suplementos de jornais e em revistas universitárias. Em 1993 ingressa no Doutorado em Literatura Brasileira, na Universidade de São Paulo, fixando-se com a família na capital paulista. Em 1994, publica, em edição artesanal, o metapoema Teoria particular (mas nem tanto) do poema. Conclui o doutorado na USP em 1997, com a defesa de uma tese intitulada: “A poesia da cidade: Imagens urbanas em Mário de Andrade”, que sairá em livro proximamente.

Ainda em 1996 retorna a Salvador, onde fixa residência até a atualidade. Retoma suas atividades, junto aos demais escritores da geração 80. Organiza, com Carlos Ribeiro o livro Oitenta: poesia & prosa (Coletânea comemorativa dos 15 anos da Coleção dos Novos). Salvador: BDA-Bahia, 1996, que serviu de base para a definição da geração 80, na antologia A Poesia na Bahia no século XX, organizada por Assis Brasil (Rio: Imago,1999). Concorre ao "Prêmios Culturais de Literatura" da Fundação Cultural do Estado da Bahia, com o livro Jaú dos Bois, que fica entre os vencedores (3o Lugar) e é publicado pela Relume Dumará, em 1997. O livro esgota rapidamente, obtendo expressiva acolhida da crítica, com vários artigos, tornando-se objeto de estudo em cursos de Letras, na Bahia. Em 1998, funda, em parceria com Carlos Ribeiro e outros escritores, Iararana – Revista de arte, crítica e literatura, periódico de divulgação da geração 80. Retoma suas atividades na UESB, lecionando e orientando bolsistas de iniciação científica e monitoria em literatura.

Em 1999, transfere-se para a Universidade Estadual de Feira de Santana, integrando-se ao grupo fundador do curso de Pós-Graduação em Literatura e Diversidade Cultural (PPgLDC), tendo já orientado várias dissertações concluídas. Como professor do mestrado, desenvolve pesquisas sobre a representação lírica da cidade na poesia moderna e contemporânea, com o projeto “Imagens urbanas na Literatura”. Como parte disso, pesquisa a representação de imagens da Bahia na poesia brasileira. Como professor pesquisador, orienta trabalhos e dissertações de alunos de pós-graduação e de iniciação científica, na área de literatura baiana e brasileira.

Em 2003 leciona, como professor convidado, na Universidade de Artois (França). Neste ano e nos seguintes faz palestras nas Universidades: Sorbonne Nouvelle, Nanterre, Artois, Rennes, Toulouse Le Mirail (França) e ELTE (Budapeste). Tem participado de diversos eventos universitários e culturais em vários estados do país.

Em 2001 publica o livro de contos O desterro dos mortos. Nesse ano recebeu o Prêmio Nacional Herberto Sales – Contos, da academia de Letras da Bahia, com o livro O canto de Alvorada, publicado em 2003,com 2ª edição em 2004, pela Editora José Olympio. Em 2005 co-organiza (com o escritor Cyro de Mattos), o livro O triunfo de Sosígenes Costa: estudos, depoimentos, antologia (Ilhéus: Editus; Feira de Santana, UEFS Editora, 2005.), que recebeu o Prêmio Marcos Almir Madeira 2005, da União Brasileira de Escritores-RJ. Participa de várias antologias e coletâneas de poesia e de prosa, na Brasil e no exterior. Tem livros inéditos em poesia, infanto-juvenil, contos e ensaios

É co-fundador e co-editor de Iararana, revista de arte, crítica e literatura, editada em Salvador desde 1998, já no nº 13. É co-editor de “Légua & Meia - Revista de Literatura e Diversidade Cultural” da PPgLDC/UEFS. Foi editor da revista Heléboro (UESB, 1997-98). Participa da comissão editorial das revistas Politeia (UESB), Ágere (UFBA) e Floema (UESB). É co-editor de Légua e Meia - revista de Literatura e Diversidade Cultural (PPGLDC/UEFS). Tem colaborado com revistas e suplementos literários, no país e no exterior. Em 2006, publicou poemas em francês, traduzidos por Dominique Stoenesco, na edição especial da revista Autre Sud, de Marselha/França, no dossiê poético “Voix croisées Brésil-France”. Participa do dossiê bilíngue de poesia Português/Francês da revista Iararana n° 11. Já publicou vários artigos e resenhas, além de diversos poemas e contos em revistas, jornais e sites, no Brasil e no exterior.

Em 2009 completou 50 anos e foi homenageado pelo Lycée des Arènes, em Toulouse-França, com uma exposição de trabalhos de alunos sobre seu livro Les marques du feu. Na Bahia foi homenageado pelo IL-UFBA, através de um seminário sobre sua obra, e também pela Academia de Letras da Bahia. Neste mesmo ano, seu romance Nhô Guimarães foi adaptado para o teatro e encenado em Salvador e outras cidades.

É correspondente da revista francesa Latitudes: cahiers lusophones. Desde 2005, pertence à Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira nº 20. É membro da UBE-São Paulo e do PEN Clube do Brasil.

Livros de poesia, ensaio, contos e romance:

1.Movimento de Sondagem. Salvador; Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1981. “Coleção dos Novos, vol. 2 – série Poesia”.

2. O espelho da consciência. Salvador: Gráfica da UFBA, 1984.

3. Teoria particular (mas nem tanto) do poema — ou poética feita em casa. São Paulo: Edições D’Kaza, 1994.

4. Enredo romântico, música ao fundo. (ensaio) Rio de Janeiro: 7 Letras, 1996.

5. Oitenta: poesia e prosa. Coletânea comemorativa dos 15 anos da “Coleção dos Novos”. Salvador: BDA-Bahia, 1996. (org. Aleilton Fonseca e Carlos Ribeiro)

6. Jaú dos bois e outros contos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997.

7. Rotas e imagens: literatura e outras viagens. Feira de Santana: UEFS/PPGLDC, 2000. (Org. Aleilton Fonseca e Rubens Alves Pereira)

8. O desterro dos mortos (contos) Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.

9. O canto de Alvorada (contos). Rio de Janeiro: José Olympio, 2003.

10. O triunfo de Sosígenes Costa. Ilhéus: Editus, 2004. (Org. Cyro de Mattos e Aleilton Fonseca).

11. As formas do barro & outros poemas. Salvador: EPP. 2006.

12. Nhô Guimarães (romance). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

13.Outras moradas(contos, livro coletivo). Salvador: EPP Publicações e Publicidade, 2007.

14. Les marques du feu et autres nouvelles de Bahia. Paris: Lanore, 2008. (Tradução de Dominique Stoenesco).

15. Guimarães Rosa, écrivain brésilien centenaire. Bruxelas, Librairie Orfeu, 2008.

16. O olhar de Castro Alves. (org.). Salvador: ALB/ALBA, 2008.

17. O pêndulo de Euclides (romance). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.

18. Cantos & recantos da cidade: vozes do lirismo urbano.. (Vários organizadores). Itabuna: Via Litterarum Editora, 2009.

19.A nulher dos sonhos e outras histórias de humor (contos). Itabuna: Via Litterarun, 2010.