quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Aleilton Fonseca recebe medalha da Academia Brasileira de Letras


Abaixo Aleilton Fonseca

O professor e escritor Aleilton Fonseca, do Departamento de Letras e Artes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), recebeu, esta semana, a Medalha Euclides da Cunha, outorgada pela Academia Brasileira de Letras (ABL). A honraria foi concedida a diversos intelectuais que se destacaram em 2009, através de livros e conferências, nas comemorações do centenário de morte do autor do livro Os Sertões.

Aleilton Fonseca publicou este ano o romance O Pêndulo de Euclides, com repercussão na imprensa e nos meios literários. Trata-se de uma ficção que retoma a viagem de Euclides da Cunha ao sertão de Canudos, no tempo da guerra sertaneja de 1897, trazendo à tona vários questionamentos, através da voz dos narradores canudenses.

Medalha ABL1 - Aleilton Medalha ABL3 - Aleilton

Representando a Uefs, Aleilton participou de vários eventos culturais, lançando a obra e fazendo conferências sobre o tema, em várias cidades do país. Esteve presente em livrarias, universidades e instituições como Pen Clube do Brasil, Academia de Letras da Bahia (ALB), Fórum das Letras de Ouro Preto, Bienal do Livro do Recife, nas Universidades Federais do Rio de Janeiro, de Ouro Preto, e de Juiz de Fora, na Uesc, e também nos campi da Uneb, em Teixeira de Freitas, Euclides da Cunha, Coité e Barreiras.

Ainda em 2009, Aleilton Fonseca foi homenageado pela Ufba, pela ALB e pela Academia de Letras de Jequié pela passagem de seus 50 anos. Em abril deste ano, Aleilton Fonseca recebeu uma homenagem no Lycée des Arènes, da cidade de Toulouse, na França, com uma exposição de trabalhos artísticos dos alunos, que foram inspirados nos temas dos contos de seu livro Les Marques du Feu et outres Nouvelles de Bahia (As Marcas do Fogo e outros Contos da Bahia). Na oportunidade, o professor da Uefs também fez uma palestra na Universidade de Toulouse Le Mirail. Para Aleilton Fonseca, 2009 foi o ano mais produtivo de sua trajetória acadêmica e intelectual.


Euclides da Cunha

Disponível em: http://www.uefs.br/portal/noticias/2009/aleilton-fonseca-recebe-medalha-da-academiaacessado em 24/12/09

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Resenha - Construções identitárias na obra de João Ubaldo Ribeiro



Memória, história e ficção

Aleilton Fonseca

A configuração identitária dos povos nunca foi um processo claro e pacífico. A história tem mostrado como as diferenças provocam conflitos, levam à intolerância e à discriminação. Em face disso, a literatura muitas vezes se torna uma forma de representação crítica, mostrando a crueza e o absurdo de realidades que precisam ser compreendidas e superadas. A obra de João Ubaldo Ribeiro mostra-se atenta a essas questões, ao abordar diversos aspectos da formação social do povo brasileiro.

O livro de Olivieri-Godet debruça-se sobre as construções identitárias do autor de O albatroz azul, para examinar uma das facetas mais significativas de sua obra. A ensaísta, que leciona na Universidade de Rennes 2, na França, já publicou diversos artigos sobre as representações literárias das relações culturais contemporâneas. No novo ensaio, ela analisa Viva o povo brasileiro, Vila Real, o Feitiço da ilha do pavão, A casa dos budas ditosos, as crônicas do livro Um brasileiro em Berlim, além de contos do livro podeis da pátria filhos. Godet aborda os textos ficcionais a partir de uma conceituação teórica específica, citando autores brasileiros e franceses, como Antonio Candido, Silviano Santiago, Zilá Bernd, Francis Utéza, Georges Bataille, Gérard Genette, Gilles Deleuze, e os caribenhos Patrick Chamoiseau, Édouard Glissant, entre outros.

Nos quatro capítulos do livro, a autora estabelece conexões entre as obras de Ubaldo e as questões identitárias, demonstrando suas recorrências, seus significados e sua abrangência. Com isso, insere a literatura brasileira na problemática das identidades, como ponto de partida para situar o lugar ocupado por João Ubaldo nesse universo temático. Seu estudo aponta o percurso do ficcionista, desde a tendência carnavalizante de Vencecavalo e o outro povo (1974), passando pelo neo-realismo de Vila Real (1979), até chegar a uma ficção que “faz coexistir uma visão épica e dramática com a perspectiva carnavalesca, que, cada vez mais, terá tendência a se impor em sua obra” (p. 28).

Em suas análises, Godet anuncia que, em João Ubaldo Ribeiro, “a problemática da identidade nacional afasta-se da homogeneização dos traços culturais, privilegiando uma representação plural da identidade brasileira” (p. 28). Para demonstrar seu ponto de vista, ela coteja os textos ficcionais com o aparato teórico, privilegiando a articulação entre as estratégias narrativas e as figurações identitárias operadas pelo escritor.

O ensaio correlaciona memória, história e ficção, e aproxima identidade, território e utopia, mostrando marcas da voz autoral, intertextualidades, técnica e estratégias narrativas. Segundo a autora, Ubaldo implode estereótipos, instaura a pluralidade de vozes, revelando a face obscura e conflituosa da formação identitária brasileira.

Godet mostra como os textos de João Ubaldo refletem sobre os dilemas de nossa época, ainda marcada por reações de intolerância diante de certas manifestações da diversidade cultural e identitária. Dessa forma, considera que sua ficção contribui para que entendamos melhor a sociedade em que vivemos, identificando seus conflitos e suas possíveis soluções.

Resenha do escritor Aleilton Fonseca, publicada no Jornal do Brasil.
Ideias & Livros, em 5/12/2009, p. 6.

Construções identitárias na obra de João Ubaldo Ribeiro
Rita Oliveri-Godet (São Paulo: HUCITEC; Rio de Janeiro: ABL; Feira de Santana: Editora da UEFS, 2009).