Rio Cururupe - poema de Aleilton Fonseca e música de Sérgio di Ramos.
O rio Cururupe fica em Ilhéus, perto de Olivença. É um sítio histórico,
pois em suas margens os índios Tupinambás defenderam seu território
contra a invasão dos portugueses, em
1559, século XVI. Os índios foram massacrados e conta a lenda que as
águas avermelhadas (ferruginosas) representam o sangue indígena ali
derramado.
RIO CURURUPE (Link para o vídeo)
Aleilton Fonseca
Rio que sai do ventre das pedras,
e viaja nas veias verdes, vegetais
do entorno dos séculos, das eras,
cerne vivo de cantos imemoriais.
Um corpo de prantos a deslizar
no leito de mangues e de areias,
que se entrega às ondas do mar
nos encontros das marés cheias.
Águas de ferro, recantos ínvios,
suor e sangue, lamento a velar
as almas heróicas de seus índios,
filhos da terra, povo Tupinambá.
Eu mergulho no seio de tuas águas
que a voz do mar chama e vaticina,
lavo em teu lenço minhas lágrimas,
te busco e te abraço, sigo a tua sina.
Um comentário:
Raro verso de qualidade, esse: "Lavo em teus lenços minhas lágrimas". E as rimas toantes dão imensa elegância ao poema, que tem música evidente, tornando difícil o trabalho do compositor, ao tentar se livrar da música já composta pelo poeta, a fim de compor a sua, musicando o poema, finalmente. Gosto também do par semântico "água de ferro".
Henrique Wagner
Postar um comentário