quinta-feira, 23 de julho de 2009

Nhô Guimarães

Nhô Guimarães - ALEILTON FONSECA (Editora BERTRAND BRASIL, 176 pág.)


“Um certo dia tive um estalo: ‘Guimarães Rosa andava pelos gerais, de caderno em punho, conversando com o povo e anotando tudo. Ele dialogou com muita gente que acabou inspirando personagens de sua ficção. E se, de repente, uma personagem rosiana narrasse suas passagens pelo sertão?’”.

Aleilton Fonseca é conhecido também por outros grandes estalos literários. Por exemplo, os temas de dois de seus romances em ainda construção. Um, sobre a Guerra do Iraque. O outro, uma homenagem a Euclides da Cunha, que em 2009 será lembrado pelo seu centenário de morte.

O Nhô Guimarães, teria sido coincidência?, foi lançado sob as comemorações dos 50 anos de lançamento de Grande Sertão: Veredas. Isso necessariamente não quer dizer nada, ou quer dizer muita coisa — tirem vocês as suas conclusões. Mas vamos adiante.

Estalos a parte, Nhô Guimarães — romance-homenagem a Guimarães Rosa é um livro simpático, e bom em certos momentos. O enredo é inteligentemente divido como em as Mil e Uma Noites: pequenos causos dão dinâmica à história principal que é o saudosismo (constantemente envocado) da narradora, uma Sherazade octogenária sertaneja, pelo marido falecido, pelo filho que saiu de casa muito cedo e pelo estimado amigo Nhô Guimarães proseador de primeira que não a visita há anos.

Esses causos e confissões são contados a um estranho (sua identidade se revelará apenas no final do livro) que chega de chofre a sua casa e que ela, a priori, o confunde com o amigo das Letras. “Nhô Guimarães por aqui? Há quanto tempo! Ah, não. Nsh, nsh. Não é ele, não. Mas, quem é o senhor? Apeie, chegue à frente, a casa é nossa”. Assim começa.

O Ponto principal: a linguagem de Guimarães revisitada.

Tendo em vista as reais limitações que qualquer outro estilista teria em recriar Guimarães, Aleilton não fez feio. Alguns críticos disseram que a linguagem alcançada por Aleilton transcendeu ao formato de homenagem e reverência que o livro se propõe. Não concordo. Pelo contrário: o autor parece muito criterioso, não quer ousar tanto, simplesmente usufrui do léxico já consagrado por Rosa e o faz com certa competência, devo dizer. Aleilton parece saber da sua limitação e da grandeza infindável de Guimarães Rosa. Isso, é claro, não chega a ser demérito.

Se Castro Alves se dizia pequenino e no entanto fitava os Andes, Aleilton é o pequenino que não chega nem a querer fitar os Andes, mas sabe admirá-los, mesmo distante.

O texto acima foi postado por Ederval Fernandes, no blog "Fundo do poço"

Disponível em : http://moedoteca.blogspot.com/2008/02/nh-guimares-aleilton-fonseca.html
acessado em 23/07/09


AS FORMAS DE BARRO

Por: Calos Machado


Caros,

O escritor e professor baiano Aleilton Fonseca (1959-) é mais da prosa que da poesia. Em prosa, dois de seus trabalhos mais recentes são O Canto de Alvorada (contos, 2003) e Nhô Guimarães (romance, 2006). Na poesia, estreou em 1981, com Movimento de Sondagem. Em seguida, publicou O Espelho da Consciência (1984) e Teoria Particular (Mas Nem Tanto) do Poema — ou Poética Feita em Casa (1994).

Em 2006, Aleilton organizou As Formas do Barro & Outros Poemas, uma reunião de seus escritos poéticos, revista e diminuída. A uma seleção de poemas dos três livros anteriores agregou textos inéditos ou publicados dispersamente em revistas. Dessa coletânea extraí os poemas mostrados ao lado.

Muito ativo na área literária, Aleilton é também diretor da revista Iararana, sediada em Salvador, que vem se firmando como uma das mais permantes publicações da atualidade.

Quande se lê As Formas do Barro atentando para a evolução de um livro para outro, nota-se claramente a evolução da poesia de Aleilton Fonseca. Ao longo do tempo, o poeta vai-se apetrechando de de novas técnicas e ardis. Os textos ganham compleição mais sofisticada até desaguar em peças como "Moças e Garças" ou "As Formas do Barro", o poema-título.

Em "Moças e Garças" se desenha o lirismo do homem que olha para trás e se vê numa paisagem do interior, com o rio, as garças e as moças inatingíveis dos sonhos infanto-juvenis. Garças e moças diluídas no tempo. No metapoema "As Formas do Barro", o poeta aproxima a criação poética ao ofício do oleiro, que transforma a argila em objetos artesanais.


Um abraço, e até a próxima.


Disponível em: http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet208.htm acessado em 23/07/09

2 comentários:

Diário de formação de Vevé disse...

esta obra, com certeza irá contribuir muito na nossa aprendizagem , pois, foi através da leitura da obra Nhô Guimarães que vim a conhecer Grande Sertão: Veredas.

Diário de formação de Vevé disse...

esta obra, com certeza irá contribuir muito na nossa aprendizagem , pois, foi através da leitura da obra Nhô Guimarães que vim a conhecer Grande Sertão: Veredas.